domingo, 31 de agosto de 2008



HINO DE LAFÕES

São cheias de serras

Todas estas terras

Onde nós nascemos,

Ainda assim vivemos

Com o que cá temos

Melhor que ninguém.

Das terras que eu vi

Como as daqui

Oh! não há nenhuma ...

Encerram, em suma

Belezas mais que uma

Que as outras não têm. Lafões ...

II

Tem flores nos montes

Regatos e fontes

D'águas cristalinas,

Formosas meninas

E outras coisas finas

Tudo do melhor.

Tem um belo rio

Onde pelo estio

Vão ninfas nadar ...

E a brisa e o luar

Sabem murmurar

Cantigas de amor! Lafões ...

III


Tem a Boavista

Que é um paraíso

Um céu verdadeiro

Tem o meu Outeiro

Talvez o primeiro

Em amenidade

Tem o S. Cristóvão

Que fica de fronte

Ali do Olheirão ...

Não é mangação

Parece a mansão

D'uma divindade. Lafões ...

Lafões
É um jardim
E não há no mundo
Um lugar assim!

IV


Que largo horizonte

Te engrinalda a fronte

Vila de Oliveira!

És como a palmeira,

Olhando altaneira

Por esse amplo azul!

Mais além Vouzela

Se esconde no Zela

Púdica, modesta

E em traje de festa

Vai tomando a sesta

S. Pedro do Sul. Lafões ...

V

Flores pelos montes

Regatos e fontes

De águas cristalinas

Formosas meninas

E outras coisas finas

Tudo do mais puro.

E um belo rio

Onde pelo estio

Nos vamos banhar

E às vezes pescar

E ouvir tocar

O José do Muro. Lafões ...

VI

O José do Muro

É um rapaz de truz

Grande brincalhão.

De banza na mão

Faz a animação

Da rapaziada.

Se ele se vai embora

Toda a gente chora

E não é p'ra rir.

Não se torna a ouvir

Não se torna a ouvir

Uma guitarrada. Lafões ...

quinta-feira, 8 de maio de 2008


Este blog foi criado com o objectivo de dar a conhecer alguns dos trabalhos realizados pelos alunos do 6ºB, da Escola Eb2,3/S de Oliveira de Frades.


SABES O QUE É UMA LENDA?


Lendas são narrativas que foram sendo transmitidas oralmente de geração em geração.Apresentam explicações para factos históricos, ou para fenómenos naturais ou geográficos, com o recurso ao maravilhoso e à imaginação popular.
A compilação das lendas da Região de Lafões que aqui se apresenta, é obviamente, um levantamento incompleto: (não só porque o nível etário dos alunos (10-12 anos) dificulta a pesquisa, mas também porque o imaginário popular é ilimitado e conseguir-se-ão sempre descobrir outras histórias da tradição oral popular).A região de Lafões é por natureza um espaço aberto ao lendário.As lendas são histórias contadas de geração em geração. Como diz o provérbio: “quem conta um conto, acrescenta um ponto” e, por isso, é natural que já tenha ouvido alguma lenda com uma versão diferente da que aqui deixamos.

Pretende também mostrar uma breve descrição do que a Região de Lafões tem para oferecer. Como dizia alguém:” Uma descrição incompleta, pois não reproduz os sons agitados dos nossos rios, o timbre amável das palavras das nossas gentes, os suaves aromas das flores dos campos e os intensos odores de uma gastronomia riquíssima que se renova em cada iguaria.” Por isso, o blog é apenas um convite ao prazer.E o prazer também é nosso! Entre no nosso mundo…

quarta-feira, 7 de maio de 2008


Lenda de S. Pedro do Sul


Diz o povo que na povoação de Sul, uma das mais antigas de Lafões e que já foi vila, houve em tempos uma capelinha nas margens do rio Sul onde se venerava a imagem de S. Pedro. Num dia de grande tempestade o rio encheu, as águas revoltas investiram contra os muros da velha capelinha assolando e arrastando tudo na sua passagem.
A imagem de S. Pedro foi levada. Na confluência do Sul com o Vouga conseguiram apanhá-la e logo a reconheceram. Sem qualquer dano, tão perfeita, foi para eles um milagre e logo a ideia de que o santo desejava ficar naquele tão lindo recanto.
Mandaram-lhe fazer uma capela ali próximo, passando a chamar-se capela do S. Pedro do Sul, e à povoação que ali se veio a formar chamou-se S. Pedro do Sul.









A cabra e o lobo. O morto e o vivo

Na Primavera, quando o gado andava no monte, apareceu um lobo. Todas as cabras e ovelhas fugiram e esconderam – se num rochedo.
O lobo ficou tão atrapalhado que veio uma cabra, deu – lhe uma valente marrada e ele morreu.
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Todas as pessoas que morressem na aldeia da Pena, eram transportadas para Covas do Rio.
Um dia, num funeral, um dos homens que transportava o morto caiu e este acabou por matá-lo, pois o peso era tanto e o relevo tão acidentado, que não houve salvação possível.
Por causa destas histórias ainda hoje se diz:
Adeus lugar da Pena,
Que eu de ti estou esquecido,
Onde a cabra matou o lobo
E o morto matou o vivo.








São Macário

Num dia muito frio e com neve, os pais de S. Macário foram a casa do filho.
Ele não estava em casa e a esposa dele deu uma sopa quente aos sogros e pô-los na cama para aquecerem, pois tinham muito frio. Quando o S. Macário regressou a casa, a sua esposa tinha saído. Ele encontrou na cama um casal e julgou que fosse a sua esposa que estivesse na cama com outro homem. Ao sentir-se traído, Macário matou-os. Ao ver que eram os seus pais que estavam na cama, saiu de casa e refugiou – se numa gruta que estava situada num local que agora se chama alto do S. Macário. Nos dias de Inverno, para se aquecer, S. Macário ia à aldeia onde antes morava, Macieira, para ir buscar brasas acesas, e trazia as brasas nas mãos sem se queimar.
Ainda hoje, na gruta onde S. Macário se refugiou, há uma passagem estreita. Em dia de festa, muitas pessoas lá passam, mas segundo a lenda, quem bateu nos pais não consegue lá passar, pois as paredes da gruta encolhem.

A lenda de Nossa Senhora das Colmeias

Existe perto do lugar de Sendas, freguesia de Vila Maior, concelho de S. Pedro do Sul, uma rocha monstruosa, em forma oval e que está suspensa, numa extremidade, por um pequeno filamento também de granito. Parece desafiar as leis da física, nomeadamente a da gravidade.
Tem um grande nicho escavado na lombada nascente.
Ora, conta – se que duas crianças pastoreavam o seu rebanho quando surgiu uma imprevista e forte trovoada, num dia quente de Maio.
As ovelhas e as cabras berravam. As crianças tremiam, mais de medo do que de frio, e começaram a rezar. Fugiram para debaixo do calhau. Veio um forte relâmpago com um grande trovão e rachou a pedra ao meio, efeito que ainda hoje se pode observar. Os pequenitos, desesperados, gritaram por Nossa Senhora das Colmeias.
Passada a tempestade, as crianças saíram do abrigo e ao examinarem o estranho calhau, deparou-se-lhes no já referido nicho uma imagem brilhante e resplandecente de Nossa Senhora das Colmeias.
Mais tarde, muito perto daquele local, foi construída uma capela em honra daquela Senhora.
Diz – se que essa imagem é a que ocupa o lugar central do altar da capela de Santo Antão, que fica entre as povoações de Goja e Sendas, na freguesia de Vila Maior.

terça-feira, 29 de abril de 2008


Lenda da Anta de Paranho de Arca


A Anta de Paranho de Arca foi erigida por uma moura e a laje que se encontra, horizontalmente, em cima das que servem de pilares foi lá colocada pela dita moura, trazendo-a à cabeça, a fiar numa roca e com um filho ao colo. A dita moura aparece todos os anos na madrugada de S. João a fiar uma rocada em cima da Anta e rodeada por objectos de ouro. Ao feliz mortal que lá passar, em primeiro lugar, será perguntado de qual gostará mais: se dos olhos da moura ou dos objectos de ouro que ela lá tem. Como todos têm dito que gostam mais dos objectos de ouro, eles têm- se transformado sempre em cinzas devido aos poderes mágicos da moura.Só conseguirão os objectos de ouro quando se agradarem mais dos olhos da moura e não do ouro. Consta ainda que debaixo da referida Anta existem objectos em ouro e que tal ouro se conseguirá com a reza do livro de S. Cipriano. Algumas dezenas de anos passaram, desde que três ou quatro sujeitos lá foram à meia-noite com umas luzes rudimentares, para efectuarem no local a devida reza do livro de S. Cipriano, a fim de sacar o ouro. Conta-se que, logo às primeiras leituras, se levantara tal ventania que todos eles fugiram atemorizados, cada um para seu lado, em direcção a suas casas.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Lenda da Pia Baptismal

Na capela da Senhora Dolorosa, em Ribeiradio, existe uma pia de baptismo, de que reza a seguinte lenda:
“Como a pia se encontrava na capela, queriam – na mudar para a igreja, para serem feitos aí os baptizados.
A pia era muito pesada e dois rapazes, chamados Pedro e André, trouxeram um carro de bois para a levar. Carregaram – na e já tinham andado uns metros quando ouviram uma voz a dizer:
_ Puxa Pedro e anda André, que esta pia nossa é.
E o carro de bois partiu-se.
Consertaram o carro e iam para levar a pia, quando se ouviu a mesma voz a dizer o mesmo, e o carro partiu novamente. Eles, como não sabiam o que estava a acontecer, foram embora assustados.
No dia seguinte foram buscar o carro, mas a pia tinha desaparecido; trouxeram o carro para o lado da capela, e qual não foi o seu espanto ao verem a pia à entrada daquele templo. Tentaram levá-la para a igreja mas acontecia sempre a mesma coisa, pelo que acabaram por deixar que tudo ficasse como dantes.

quinta-feira, 17 de abril de 2008






Lenda de Cid Alafum

Conta a lenda que, quando os árabes dominavam esta região, a principal defesa se localizava no Monte do Castelo. Como o movimento da Reconquista se dirigia para sul, o castelo viu-se ameaçado pelos cristãos e o Alcaide, Cid Alafum estava em alerta constante.
Numa dada noite, muito escura, subiram pelas encostas do monte centenas de luzes, em silêncio. Cid Alafum, pensando tratar-se de um assalto cristão avançou e concentrou as suas forças na zona pela qual subiam as luzes. Foi um erro fatal! Os cristãos atacaram pelo lado contrário, atacando o castelo que se encontrava desguarnecido.
As luzes tinham sido um ardil, dado que não passavam de tochas presas aos chifres de ovelhas, com a finalidade de iludir o inimigo. O Alcaide terá, então, gritado:
_”Asneira! Asneira!”
Esta lenda terá dado o nome ao lugar de Asneiros, na Freguesia de Fataunços.



LENDA DO LOBISOMEM





Em tempos que já lá vão
Havia um bicho feroz
Que era o terror de então
Em noites de lua cheia
No meio de uma encruzilhada.
Esse bicho era um homem
Que ali se rebolava
E por arte diabólica
Em bicho se transformava.
Meio bicho, meio homem
Nas noites de certos dias
Ao bater da meia noite
Tinha de ir dar a volta,


Correr sete freguesias.
Quando exausto, já cansado
Vinha pela madrugada
Ia para a sua cova
Era aí que descansava.
Lá ficava escondido
À espera do sol nascer
Até que passasse o fado
E homem voltasse a ser.

Lenda contada por D. Lurdes Castelo


Em noites de lua cheia, correndo pelos montes e vales de sete freguesias, o Lobisomem espalhava o terror com o seu tropel apressado e os seus pavorosos rugidos de besta amaldiçoada.
Era o Lobisomem correndo o seu fado!
Era o sétimo filho de um casal que, distraído ou descrente, não lhe dera o nome de Custódio ou Bento.
No final da sua viagem, recolhia-se cansado, na sua Cova, junto ao rio, à espera da transformação que lhe daria, de novo, o aspecto e a vida normal de um ser humano.
Quando o sétimo filho nascia do sexo feminino o nome de baptismo teria de ser Custódia ou Benta, caso contrário, transformar-se-ia em feiticeira.